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O QUE FAZER DAQUI PARA TRÁS, João Fiadeiro, 2015
Conceito e direção: João Fiadeiro
Co-direção: Carolina Campos
Performers e co-criação: Adaline Anobile, Carolina Campos, Márcia Lança, Iván Haidar e Daniel Pizamiglio
Desenho de luz: Colin Legran
Direção técnica: Leticia Skrycky


Em O que fazer daqui para trás, João Fiadeiro explora a duração do tempo suspenso, o intervalo, focando a atenção no que não está acontecendo diante do público. Aqui, o não dito é mais importante que aquilo que se diz. A ausência se sobrepõe à presença. O espetáculo faz uma crítica à urgência e à aceleração da rotina, que dificultam a organização do indivíduo. Os intérpretes entram e saem ofegantes de cena, deixando o espectador num estado de constante espera pelo que irá ocupar o vazio deixado por eles.
E o que o ocupa o vazio é o “resto”, a prova de uma presença. Ou melhor, é a presença de uma ausência. É no “resto” que vamos encontrar os traços e os rastos para darmos início à impossível tarefa de reconstruir o mundo, uma e outra vez. O resto é também o que está entre o corpo e “a presença do outro no corpo”, uma fuga permanente para coisas que ainda não são, para o que as coisas podem. “O que fazer daqui para trás” posiciona-se entre a dúvida e a possibilidade. Onde o não-dito é mais importante do que aquilo que se diz, onde a ausência se sobrepõe à presença e onde o drama não vem do teatro mas daquilo que os corpos – dos performers e dos espectadores – podem (e têm e trazem). A sombra indica-nos a presença da luz, o silêncio a presença do som e a ausência a presença do acontecido. Da sombra, do silêncio e da ausência, eis – para quem se pergunta – aquilo que esta peça trata.